Diálogo, valorização dos saberes tradicionais e planejamento participativo marcaram a nova etapa do plano, que já passou por seis municípios do interior


O município de Coari (a 363 quilômetros de Manaus), na região do Médio Solimões, foi o mais recente a receber os diálogos municipais para a construção do Plano de Bioeconomia do Amazonas, iniciativa do Governo do Amazonas, coordenada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti). O encontro, nesta terça-feira (29/04), reuniu representantes do poder público, academia, organizações da sociedade civil e comunidades tradicionais.
O objetivo da escuta é debater os caminhos possíveis para um modelo de desenvolvimento sustentável que respeite a floresta e valorize as vocações locais. O Governo do Estado, por meio da Sedecti, tem promovido os encontros em diferentes municípios para a elaboração de um plano construído de forma democrática e multissetorial. Nesta etapa, com apoio logístico da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).
A chefa do Departamento de Bioeconomia e Ações Estratégicas (DBA), Milena Barker, destacou o compromisso do Governo do Amazonas em ouvir quem conhece a realidade local. E reforçou que a iniciativa percorrerá os 62 municípios do estado.
“A proposta foi ouvir quem vive aqui e conhece as realidades do município. Os diálogos são necessários para que o Amazonas cresça respeitando a floresta, valorizando os saberes tradicionais e promovendo o desenvolvimento. Agradecemos a todos que participaram. Em breve, teremos um plano de bioeconomia feito a muitas mãos”, afirmou a gestora.


As escutas já foram realizadas nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Benjamin Constant, Tabatinga, Manacapuru e Novo Airão. Em cada local, o foco tem sido o de compreender as especificidades regionais e garantir que as propostas locais estejam refletidas no plano estadual.
A secretária municipal de Meio Ambiente de Coari, Mayza Angst, reforçou a importância da integração entre Estado e município para que a bioeconomia seja realidade no território. “Tivemos um momento participativo e colaborativo, em que foi apresentada a realidade do município para que seja levada ao plano estadual e, também, pensarmos no plano municipal. É essencial que essa temática seja trabalhada em Coari”, disse.
A escuta ativa envolveu, ainda, lideranças locais como a presidente da Colônia de Pescadores de Coari, Raimunda Célia. Para ela, o momento é histórico. “Nunca nos ouviram. Nunca reuniram as categorias, sejam elas de base, locais, estaduais, municipais ou federais. Estou feliz de participar de um plano tão importante para todos nós. Precisamos preservar o que já existia, incentivar os nossos povos tradicionais e fortalecer a pesca”, destacou.
A participação acadêmica também foi destaque, com a presença da diretora do Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Coari, Vera Lúcia Bentes. “É um momento ímpar. O município precisa verificar suas demandas e anseios. Esperamos que todos os eixos discutidos possam fazer parte do relatório e que possamos avaliar o que conseguimos construir aqui”, avaliou.
Representando os povos indígenas, Edson Cambeba, comunicador do povo Mago Cambeba e diretor da União dos Povos Indígenas de Coari, enfatizou o papel das populações originárias na construção do plano. “Nós, enquanto indígenas, precisamos estar nesses espaços de discussão, principalmente quando se trata da bioeconomia do Amazonas. A floresta é nossa casa. E queremos contribuir com ideias que beneficiem o nosso povo e o estado”, afirmou.


A próxima etapa dos encontros territoriais segue o calendário da Sedecti, com a previsão de novos municípios na construção participativa do Plano Estadual de Bioeconomia. Estão programadas para a próxima semana as escutas em Codajás, Santa Isabel do Rio Negro, Amaturá, Tefé, Alvarães, Borba, Fonte Boa, Manicoré, Maraã, Uarini, Jutaí, Barcelos, Japurá, Ipixuna e Guajará.
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